quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Ansiedade

 
Ela caiu. Caiu em pedaços, mil pedaços. Pedaços esses que vieram de um coração despedaçado. Primeiro, seu coração fora apertado e torcido, depois fora retorcido e estraçalhado, quando soube que ele não mais a queria. Se é que um dia chegou a querer. Ficou desolada quando descobriu que não faria sentido algum, que sua presença seria insignificante e que somente estaria desperdiçando seu tempo. Ela realmente não estava feliz e, quando mais precisou, não ouviu as palavras amigas que queria, não deram valor aos seus sentimentos. Seu coração estava agora lutando contra sua mente, lutando para bater uma vez mais. Cada batida era uma disputa contra os sentimentos e pensamentos mais repulsivos, que insitiam em apertar, destroçar, despedaçar e machucar ao máximo seu coração.
Ela sangrava. sangrava por dentro, sem saber o que fazer, sem idéia de solução. Ela só queria esquecer, não pensar mais nisso, tudo o que ela queria era esquecer, fingir que nada havia acontecido, mas não era possível, não era possível e ela sabia. Acontecera. Fora terrível. E agora ela já não sabia o que fazer. Tudo em sua mente girava, ela não sabia o que fazer. Não sabia se gritava ou se chorava, não conseguia pensar ou respirar, apenas lembrava, e por isso não conseguia viver.
Então ela parou. Parou. Sim, ela parou. Ela parou e simplesmente fechou os olhos. A princípio, um turbilhão de imagens, vozes, palavras e pensamentos invadiam sua mente, mas tudo isso foi sumindo aos poucos, sumindo e dando lugar ao vazio, até que ela já não pensava em nada. Esses pensamentos sumiram simplesmente porque ela quis, porque ela estava cansada deles, não aguentava mais. Ela ficou assim, com a mente vazia e os olhos fechados por alguns instantes. Instantes. Instantes que lhe pareceram horas, horas que ela preferia que nunca acabassem.
Então seus pensamentos de repente voltaram a fluir, só que agora ela estava mais calma, calma o suficiente para decidir e perceber que ela deveria apenas juntar os inúmeros pedaços de seu coração e guardá-los, pois aos poucos ele iria se recompor e um dia, quem sabe, apareceria alguém capaz de curar todas as cicatrizes e devolver a vida ao seu coração.
Ela recostou-se e, fitando o teto escuro de seu quarto, ela caiu num sono tranquilo e fez algo que não fazia já há algum tempo.
Ela sonhou.

[Hakkyo Hoppier]

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