terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Boulevard Of Broken Dreams


Ele havia passado dos limites. Bati a porta e segui correndo, sem destino. Tudo o que eu queria era esquecer. Não sei quanto tempo se passou, nem quanto eu andei, mas acabei chegando numa avenida. Vazia. Sozinha. Perfeita. Eu sabia que agora já não podia voltar pra casa, então segui andando.

[I walk a lonely road]
[The only one that I have ever known]
[Don’t know where it goes]
[But it’s home to me and I walk alone]


Tudo o que eu queria, a única coisa que eu desejava era justamente o que eu não tive. Sempre sonhei com meu garoto punk. Pensei tê-lo encontrado. Era ele. Podia não ser garoto punk, mas ao menos era meu. Eu olhava em volta. Nenhuma luz acesa. Apenas as estrelas iluminavam meu caminho.

[I walk this empty street]
[On the Boulevard of Broken Dreams]
[Where the city sleeps]
[And I’m the only one and I walk alone]
[I walk alone]


Eu andava sozinha. Sozinha e sem destino. Desolada.

[I walk alone]

Quem poderia imaginar? Após anos de confidências, de amizade, após tantos anos de confiança, quem diria que você poderia fazer isso comigo?

[I walk alone]

Pensamentos começaram a fluir, imagens e lembranças invadindo minha mente.

[I walka’]

Mas tudo o que eu queria era você. Era ter você ao meu lado. Era sentir o vento gelado no rosto, enquanto segurava sua mão. Eu só queria você.

[My shadow’s the only one that walks beside me]
[My shallow heart’s the only thing that’s beating]
[Sometimes I wish someone out there will find me]
[Til then I walk alone]


Ah, mas nesse momento isso não tinha valor algum...
Ah, de que adiantava querer, se eu não podia ter?
Ah, de que valia ter você, se eu já não podia confiar em você?
Ah, isso também não tem sentido algum.

[Ah- ah... Ah-ah...]
[Ah- ah... Ah-ah...]
[Ah- ah... Ah-ah...]
[Ah- ah...]


Se fizesse sentido… Se eu soubesse a resposta para meus tantos porquês... Se eu o entendesse. Pois isso me parte em dois. Uma parte ainda o deseja, ainda o quer, ainda o ama.
A outra parte mal agüentava vê-lo. Não suportava senti-lo, quanto mais perdoá-lo.

[I’m walking down the line]
[That divides me somewhere in my mind]
[On the border line of the edge]
[And where I walk alone]


Eu devia ter percebido logo. Era tão óbvio! Você já não me olhava com carinho, já não me tinha como amiga, às vezes nem olhava pra mim. Eu devia ter percebido. Podia parecer que estava tudo bem, mas não estava. Tudo o que eu queria agora era que você me notasse, notasse que eu ainda estou aqui.

[Read between the lines]
[What’s fucked up]
[And everything’s alright]
[Check my vital signs]
[To know I’m still alive]


Mas eu sei que isso não vai acontecer então eu só continuo a andar.

[And I walk alone]
[I walk alone]
[I walk alone]


Sem rumo ou direção continuo a andar, apenas ando sozinha no escuro da avenida.

[I walk alone]
[I walka’]


Oh, céus, como eu não queria estar sozinha aqui, como eu queria estar com você, ouvir sua voz, sentir seus braços ao meu redor, dizendo que me ama e que tudo não passou de um mal-entendido...

[My shadow’s the only one that walks beside me]
[My shallow heart’s the only thing that’s beating]
[Sometimes I wish someone out there will find me]
[Til then I walk alone]


Tudo o que queria era que nada tivesse acontecido...
Ah, se eu pudesse fazer o tempo voltar...
Ah, se eu conseguisse esquecer, fingir que nada aconteceu...
Ah, foram tantos momentos, tantas lembranças...
Ah, se eu pudesse tê-los de volta...

[Ah- ah... Ah-ah...]
[Ah- ah... Ah-ah...]
[Ah- ah... Ah-ah...]


Mas só o que eu posso fazer é andar.

[I walk alone and I walka’]

Eu não conseguia entender… Por que ele havia feito isso comigo? Será que não o amava o suficiente? Claro que amava! Ele era tudo pra mim e ele sabia disso! Ele era meu mundo, e esse mesmo mundo, agora fora jogado no chão e estava despedaçado. Ele não precisava ter feito isso comigo, não assim...

[I walk this empty street]
[On the Boulevard of Broken Dreams]
[Where the city sleeps]
[And I’m the only one and I walka’]



Era ele quem estava sempre nos meus sonhos, e agora era ele também que havia destruído esses sonhos... Era ele quem eu amava e quem fazia minha vida valer a pena... E agora eu não tinha mais razões pra viver.

[My shadow’s the only one that walks beside me]
[My shallow heart’s the only thing that’s beating]
[Sometime I wish someone out there will find me]
[Til then I walk alone!]

[Hakkyo Hoppier]

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Ansiedade

 
Ela caiu. Caiu em pedaços, mil pedaços. Pedaços esses que vieram de um coração despedaçado. Primeiro, seu coração fora apertado e torcido, depois fora retorcido e estraçalhado, quando soube que ele não mais a queria. Se é que um dia chegou a querer. Ficou desolada quando descobriu que não faria sentido algum, que sua presença seria insignificante e que somente estaria desperdiçando seu tempo. Ela realmente não estava feliz e, quando mais precisou, não ouviu as palavras amigas que queria, não deram valor aos seus sentimentos. Seu coração estava agora lutando contra sua mente, lutando para bater uma vez mais. Cada batida era uma disputa contra os sentimentos e pensamentos mais repulsivos, que insitiam em apertar, destroçar, despedaçar e machucar ao máximo seu coração.
Ela sangrava. sangrava por dentro, sem saber o que fazer, sem idéia de solução. Ela só queria esquecer, não pensar mais nisso, tudo o que ela queria era esquecer, fingir que nada havia acontecido, mas não era possível, não era possível e ela sabia. Acontecera. Fora terrível. E agora ela já não sabia o que fazer. Tudo em sua mente girava, ela não sabia o que fazer. Não sabia se gritava ou se chorava, não conseguia pensar ou respirar, apenas lembrava, e por isso não conseguia viver.
Então ela parou. Parou. Sim, ela parou. Ela parou e simplesmente fechou os olhos. A princípio, um turbilhão de imagens, vozes, palavras e pensamentos invadiam sua mente, mas tudo isso foi sumindo aos poucos, sumindo e dando lugar ao vazio, até que ela já não pensava em nada. Esses pensamentos sumiram simplesmente porque ela quis, porque ela estava cansada deles, não aguentava mais. Ela ficou assim, com a mente vazia e os olhos fechados por alguns instantes. Instantes. Instantes que lhe pareceram horas, horas que ela preferia que nunca acabassem.
Então seus pensamentos de repente voltaram a fluir, só que agora ela estava mais calma, calma o suficiente para decidir e perceber que ela deveria apenas juntar os inúmeros pedaços de seu coração e guardá-los, pois aos poucos ele iria se recompor e um dia, quem sabe, apareceria alguém capaz de curar todas as cicatrizes e devolver a vida ao seu coração.
Ela recostou-se e, fitando o teto escuro de seu quarto, ela caiu num sono tranquilo e fez algo que não fazia já há algum tempo.
Ela sonhou.

[Hakkyo Hoppier]